« A riqueza da terra »
As primeiras chuvas do Outono trazem consigo o surgimento de uma ampla variedade de cogumelos dos mais diversos tipos, formas, texturas e gostos.
Esta muito apreciada iguaria pode ser preparada de diversas formas, mas também requer um grande cuidado e conhecimento das espécies comestíveis.
O nosso nobre e delicioso amigo é na verdade um fungo. Os fungos são organismos muito simples que não conseguem absorver o carbono atmosférico nem realizar a fotossíntese pois são desprovidos de clorofila. A maioria dos fungos são simbióticos, ou seja, vivem numa associação com plantas verdes e árvores das quais obtêm açúcares e outros produtos da fotossíntese. Em troca, produzem nitrogênio (azoto) sob a forma de nitratos e sais minerais indispensáveis aos vegetais.
Os cogumelos reproduzem-se através de esporos que dão origem ao micélio - parte vegetativa do cogumelo. Simplificando, pode-se dizer que os cogumelos são compostos por micélio, pé, chapéu e, às vezes, anéis. Contudo, nem todas as espécies apresentam estas quatro partes.
A arte da colheita do cogumelo exige conhecimento profundo das espécies pois muitas são venenosas ou tóxicas. Assim, é aconselhável só apanhar as espécies que tiver certeza a 100% de que são comestíveis.
Em nenhum caso deverá misturar espécies conhecidas com outras desconhecidas, pois caso haja uma venenosa esta poderia contaminar as outras, com perigo até mesmo fatal.
A colheita deve ser feita com auxílio de uma faca. Deve-se cortar o cogumelo de forma a deixar na terra o micélio. Deve-se escolher apenas os exemplares mais jovens pois os mais velhos são impróprios para o consumo. A melhor forma de transportá-los é colocando-os num cesto para que permaneçam sempre arejados.
Cuidado com as crendices populares do alho e da peça de prata que escurecem em contacto com espécies venenosas ou de que as espécies com anéis não seriam perigosas. Isto é totalmente FALSO e pode ser MORTAL!
O nome popular das diversas espécies de cogumelo varia muito de região para região. A espécie mais procurada em Portugal é o míscaro, cujo nome científico é Tricholoma equestre, encontrado em grande quantidade nos pinhais arenosos de beira-mar.
Quem não se recorda dos suculentos pratos dos nossos avôs, nos tempos heróicos em que a carne era escassa e que o míscaro dava alegria ao arroz.
Sem falar da actividade sazonal, em especial em Mira e Cantanhede, quando parava a faina do campo e começava a colheita do míscaro para ser vendido na região de Viseu, ajudando assim, o magro orçamento familiar.
Caro leitor, não querendo substituir as Instituições Ambientais no seu dever de informar, a equipa do portal regiaocentro.net aproveita para ressaltar a importância de colher correctamente os cogumelos. Para que no futuro possamos continuar colhendo esta dádiva dos deuses, tenha sempre o cuidado de levar consigo um canivete para deixar o micélio na terra, que será novamente outro cogumelo no ano a seguir, e de só colher aquilo que realmente vai consumir. Deverá ainda ter o cuidado de não pisar nas espécies desconhecidas pois todas elas fazem parte do mesmo ecossistema.
Boa colheita!
Em caso de ingestão de cogumelos venenosos ou tóxicos
1) O doente deverá ser transportado de imediato para o hospital mais próximo.
2) Se possível, o doente deverá ser posicionado de forma a que possa vomitar facilmente.
3) Recolha os restos da comida ingerida ou do vômito para identificar a espécie do cogumelo.
4) Não dar leite ou bebidas alcóolicas ao doentes.
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